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Mau caminho que sabe Bem
Já passou algum tempo e por isso, para ser sincera, não posso jurar que a ideia que tenho tua é real. Provavelmente, a minha mente confunde-a, misturo pessoas e expressões, torno-te, sem querer, diferente do que és.
Do que me lembro mais nitidamente é do teu sorriso.
Houve uma altura em que ver-te sorrir me fazia sorrir. Qual silogismo. Se A sorri, B sorri. A sorri. Logo, B sorri.
Mas agora, irrita-me. Gosto tanto dele quanto o odeio.
Acredito, genuinamente, que não é verdadeiro.Tenho a sensação estranha que estás sempre a sorrir, sem motivo, e isso assusta-me. Parece que vives num mundo cor-de-rosa e perfeito... É o sorriso mais bonito que eu já vi na minha vida e, ainda assim, acho que é hipócrita.
Dá-me vontade de te abanar e gritar “pára, pára de sorrir”, esse sorriso idiota, que vai do Porto até à lua (e volta, da lua ao Porto). É impossível alguém ter um sorriso assim tão grande.
És como o protagonista de um anúncio a uma pasta de dentes que eu não quero comprar.
Mas a minha perspetiva de beleza também mudou. Quando o teu sorriso me fascinava em vez de me causar desconforto, eu pensava de outa forma em relação ao que me ficava bem.
No nosso primeiro encontro, eu calcei as sapatilhas brancas, as calças de ganga escuras e a sweatshirt vermelha e grossa com carapuço. E eu achava que estava linda. Porque as calças eram de ganga, mas eram justas – e eu nunca usava calças justas! Era a peça de roupa mais feminina que eu tinha.
Eu achava que estava linda e que ias cair aos meus pés.
E caíste.
Mas, nessa altura, eu também achava o teu sorriso lindo e nada assustador. Shame on me.
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