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Sobre a Arrogância dos Portuenses

por MPS, em 27.06.14

Os portuenses têm um orgulho desmedido em si próprios.

 

Acreditam que o Porto é a melhor cidade – não só de Portugal, mas do mundo inteiro! – e que os portuenses são as pessoas mais incríveis da história da humanidade. Têm alguma dificuldade em gostar de Lisboa, e, convenhamos, de tudo o que esteja a sul do rio Douro.

 

As pessoas no Porto têm um sotaque tão acentuado quanto as suas convicções.

E têm uma tendência exagerada para a… não sei bem como dizê-lo parecendo correta. As pessoas no Porto têm uma tendência exagerada para a peixeirada. Para armar a… vocês sabem. E gostam.

 

Mas também gostam de ajudar. Gostam de receber os turistas (e as turistas), e eu já me apercebi, do contacto que tenho tido com estrangeiros, que às vezes isso até pode parecer assustador! Porque veem um jovem com um mapa na mão e pressupõe que tem de o ajudar. É inato, e é imperativo.

 

E falam alto. Não como os italianos, mas falam alto!

E dizem muitos palavrões. No Porto não é assim tão raro ver uma mãe a “ensinar” o filho recorrendo a termos que não constam no dicionário. Só quem não anda de metro é que nunca viu os miúdos a serem disciplinados, ali mesmo, com duas ameaças de pares de estalos acompanhadas de palavras que fazem os alfacinhas corar.

 

O Porto é o Rio Douro e a ponte D.Luiz, são as fontainhas e a ribeira, o Piolho e a Fonte dos Leões; a praia, o surf, e o Estádio do Dragão; a Casa da Música e as caves do vinho do Porto; a Universidade, a praxe e as tunas; a rua de Santa Catarina e a das Galerias e as centenas de bares que abrem e fecham à medida que o Porto vai ganhando ou perdendo popularidade; são os hostels e o D. Henrique; a Avenida dos Aliados e os Clérigos; a Sé, a gastronomia; é Serralves e o Parque da Cidade; é o S.João e a Queima das Fitas.

 

Mas é muito mais do que isso! Para o bem e para o mal. Estudei no Porto e estou habituada a muitas coisas que sei que as pessoas de outras cidades não estão. A percorrer a cidade a pé, por exemplo. Ou a apanhar o autocarro de madrugada. Ou a vestir o traje académico e senti-lo a cheirar mal. Ou… a cumprimentar o pianista. Toda a gente do Porto sabe quem é o pianista. Ou a mulher da sopa. Lendárias, essas personagens.

 

Eu nem sequer moro no Porto mas, se me perguntarem, é no Porto que eu moro. Moro em Gaia. E o Porto, o Porto a sério, é muito mais do que o Porto. É Matosinhos e Gondomar e Maia e Valongo e Ovar e São João da Madeira. É quase Póvoa DE Varzim, agora com o metro.

 

Os portuenses têm um orgulho desmedido em si próprios. São exagerados, egocêntricos.

Admito que podíamos ser um bocadinho – só um bocadinho – menos focados em nós próprios. Mas eu nasci no Porto, estudei no Porto, e, por isso, padeço de todos esses males.

 

Não há cidade como a nossa, na nossa visão arrogante. 

 

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publicado às 13:12


221 comentários

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De MPS a 29.06.2014 às 22:52

Boas,
Concordo, eu moro no Porto há 22 anos e tenho perfeita noção que o texto está muito, muito exagerado.
Claro que não somos todos assim, mas escrevi-o porque é o que sinto, sem pensar demais; a minha primeira impressão da Gente do Porto. Sem grande análises, sem refletir
Um estereótipo engraçado que espero que não ofenda ninguém ninguém!
:)
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De Luis Morgado a 29.06.2014 às 23:31

Pois, mas deves começar a pensar. Nao ofende, mas causa ruido, e nao precisamos de mais neste momento.
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De Daniel Silva a 30.06.2014 às 09:30

Este gajo precisa de um laxante. Guarda esses conselhos teus antes de desentupir isso. "causa ruído... não precisamos de mais neste momento" - mas nós portuenses vamos entrar em guerra nos próximos tempos ?
PS - Bom texto
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De Silvia a 30.06.2014 às 10:42

Não , não causa ruído. Isto é um post num blogue pessoal, e a autora tem todo o direito de expressar a sua opinião, o seu sentir sem que lhe venham dizer para 'falar baixinho'. E quanto às generalizações, o Luis, ao dizer que o post da Mariana causa ruído, está a generalizar como que dizendo que cause ruído a toda a gente. Não causa. Causa-lhe a si, mas isso é problema seu.
O que a Mariana escreveu é a mais pura verdade sobre o sentir Portuense. E não é um mal de que padeça, é uma belíssima condição com que se vive. E é uma felicidade e um privilégio ser-se feliz só por respirar os ares do Porto e gostar-se e orgulhar-se da terra que nos acolhe. Os queixumes e as tristezas e os conselhos de "não cause ruído" é que são males de que muita gente padece, e quem nos dera a nós que se curasse. Vá para dentro, Luís, que a frescura das palavras da Mariana ainda lhe arejam um neurónio e lhe causam um resfriado.
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De Mariana Peixoto a 30.06.2014 às 11:46

Muito bom! Faço das suas minhas palavras!
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De Anónimo a 30.06.2014 às 11:20

Ui ui, cuidado que ainda cai o Carmo e a Trindade...
O que caracteriza mais o Porto, são as pessoas de "gema" e não os "chiquérrimos" da Foz (e não só) que ficam ofendidos com este tipo de caracterização escrita sobre os Portuenses.

Maria, excelente texto; Parabéns!


Ah, já agora: "Dá-me uma sopinha" :)
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De Pedro Cordeiros a 01.07.2014 às 09:59

Meu amigo/a

Os da Foz como diz, os que são mesmo da Foz, que nasceram lá, e não que por vontade dos €€ foram para la morar, sentem as palavras da Mariana como se fossem deles, amam a Foz e acima de todo o ser PORTO.
Parabéns Mariana pelo texto, quem se sentir minimamente incomodado, não sabe o que é o Porto. Se o resto do pais fosse tão "egocêntrico" como nós(portuenses) somos se calhar tínhamos muito mais orgulho naquilo que temos, podemos e devíamos ser.
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De Vitor a 01.07.2014 às 17:11

Mas por se ser da Foz, já não se é portuense? Já que estamos a excluir pessoal pelo que sentimos sobre o local onde moram, que tal começarmos a excluir quem mora no bairro do Aleixo? E que tal das Antas? E que tal o pessoal da Rua Serpa Pinto em específico? Também não gosto nada desse pessoal.
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De Lello a 01.07.2014 às 20:16

Na Foz também há tripeiros de gema, a Rosa Mota, por exemplo.

Lello
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De Anónimo a 01.07.2014 às 20:13

Caro Luís Morgado, permita-me discordar, o que é preciso é mais ruído!
Atentamente
Maria Luisa
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De James Coulee a 02.07.2014 às 14:03

Não há generalização sem a contradição das excepções à generalização: faz parte do que a generalização é.

E Graças a Deus pelas boas generalizações que, revelando tendências, médias e aproximações (e não absolutos) permitem simplificar e clarificar aquilo que é desmedidamente complexo, como a natureza do povo de uma cidade.

A generalização é uma ferramenta valiosa, pertinente, insubstituível, fundamental.

A generalização é uma verdade se representar uma maioria, e continua a sê-lo mesmo a pesar de quem não inclui.

(A generalização que não é verdade pode ser uma ferramenta de discriminação, de depreciação, ou ser simplesmente uma patetice.)

E tenho muita pena de quem acha que a generalização tem de especificar as excepções e os casos particulares: quer dizer que não percebe nada de nada.
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De Mariana Peixoto a 30.06.2014 às 11:43

Olá Mariana! (lindo nome, diga-se!)

Está perfeita a descrição da nação do Norte. Parabéns!

Ao ler o artigo já imaginava a quantidade de moralistas que viriam de alguma forma criticar.
Nesta Era tecnológica há sempre alguém que arranje algo (por mais perfeito que esteja) para "criticomentar" mas de modo a 'atacar' como que, "eu faria bem melhor" na maioria não fazem é nada. Precisamos é disto, que se fale da nossa cidade!

Se não generalizássemos nunca conseguiríamos obter uma caracterização de um povo, certo!?

Espero não ofender ninguém é só a minha opinião.
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De Rosa Teixeira a 18.07.2014 às 19:55

Goste se ou nao do texto, é de referir que é de uma extrema ignorância, para nāo lhe chamar saloiismo, chamar Norte ao Porto. O Norte não e apenas o Porto!
Isso é uma grande falha de pensamento que assiste algumas pessoas menos informadas. Já é mais do que hora de pararem com isso. É aflitivo ver o provincianismo desmesurado de algumas pessoas, que deveriam ter orgulho na sua cidade, mas tambem respeitar as restantes cidades nortenhas de Portugal.

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De Rui Campos a 30.06.2014 às 14:54

Olá Mariana,
Parabéns pela originalidade e espontaneidade.
É essa espontaneidade que se tira do teu texto, avaliar escrita, é ter capacidade de ver o subjetivo e o que pretende ser vincado.
Lógicamente que nem todos somos iguais, eu próprio como portuense não me revejo no teu texto, mas, isso não lhe tira qualquer valor.
Continua a escrever.
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De Anónimo a 30.06.2014 às 15:25

Penso que o último paragrafo reflete a cultura lisboeta e nao portuense, mas cada um tem direito à sua opinião, e penso que os portuenses não egocêntricos, não se acomodam é a viver como um "discípulo" de Lisboa, em que Lisboa é que comanda o país, pois o Porto tem a sua identidade que a caracteriza, e penso que perde-la seria perder a mística que existe nesta linda cidade.
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De Ricardo Almeida a 30.06.2014 às 18:11

Boa tarde,

Concordo com o termo "exagerado", mas estou certo que a autora o fez para mostrar o orgulho desmedido e autêntico, como qualquer Portuense o descreve.

Por isso, ninguém o poderá levar a mal, quando se exprime uma paixão.

Cumprimentos.

Ricardo Almeida
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De yedra a 30.06.2014 às 21:30

toda a verdade gostem ou não tb sou tripeira
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De Emília Reis a 01.07.2014 às 17:36

Boa tarde

Devo dizer antes de mais que sempre vivi em V.N. Gaia, sou, admito radical em relação ao Norte e ao sul, porque penso que nós Norte, somos sempre discriminados e muitas vezes salta aos olhos que somos prejudicados e devo dizer, por culpa própria porque não reagimos e não nos revoltamos na prática.
Li o seu artigo que me surpreendeu por ser do norte e escrever de uma forma que em alguns parágrafos pouco dignifica a nossa condição e mais ainda, não é verdadeiro.
Dizer que: " As pessoas no Porto têm uma tendência exagerada para a peixeirada. Para armar a… vocês sabem. E gostam." , está a falar de quem concretamente? De pessoas cuja profissão é mesmo ser peixeira ou peixeiro, está a falar de pessoas que sentem na pele a injustiça e a crueldade? Não sei, encontrou quantas? 5, 6?
"E dizem muitos palavrões." Ora aí está um outro ponto em que discordo em absoluto. Felizmente que já não acontece há alguns anos, mas houve um tempo em que eu ia a lisboa de mês a mês, a vários sítios, não me lembro agora de nomes, mas sei que a percorri, e digo-lhe que nunca na vida tinha ouvido tanta asneira e insultos entre adultos e entre jovens, nomes impronunciáveis, fosse em centros comerciais, nas ruas, estações da cp (não, não estive em bairros de lata, nem zonas degradadas, onde seria mais plausível ouvir tais nomes). Dizem-se asneiras no Porto? Claro que se dizem, mas agora apregoar que É no Porto que se dizem mais asneiras, é completamente falso, é daqueles falsos mitos em que uma mentira é dita tantas vezes que acaba por se tornar verdadeira. Quanto ao resto do artigo nada a dizer; sim, somos orgulhosos, mas não diria egocêntricos.
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De Cristina a 04.07.2014 às 12:07

Ora, eu concordo plenamente e é assim que vejo também. Gostei da coragem de teres chamado "arrogância", porque (não generalizando) foi isso que sempre vi. Foi a visão mais realista e verdadeira que ouvi até hoje. Finalmente alguém o disse.

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