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Tento fazer um esforço mental para me recordar da ordem cronológica dos acontecimentos. Sei que no fim de junho (ou já seria julho?) eu não estava mal. Vivia uma fase em que não pensava nas consequências, agia por impulso mesmo quando não tinha a certeza, fazia o que gostava muito, mas também o que gostava mais ou menos e o que não gostava de todo porque, enfim, quando se está sem rumo definido, às vezes não se pensa no que realmente se quer, age-se, e pronto. No fim não é assim tão mau, mas também não é bom de todo.

 

Recordo-me de ir falar com o meu melhor amigo. Foi a primeira pessoa com quem falei sobre o assunto. Quando sinto a necessidade de falar de coisas muito muito boas, o Pedro partilha-as comigo; mas quando tenho medo, ele mantém-se; e quando faço algo que não aprova, está cá na mesma, porque é isso que os Amigos fazem. E, nessa altura, eu já sentia um bocadinho de medo, embora não soubesse exatamente de quê. Lembro-me que foi na FEUP, num dos corredores, que te pedi ajuda. Como em tantas outras vezes estendeste-me a mão, apesar de eu não (te) merecer. Obrigada.

 

A partir daí, o tempo passou a correr. Idas a Braga, comboios para cá e para lá, cancelei os meus planos de acampar, e a impulsividade do verão, essa, ficou em stand by por motivos óbvios. Fez-me falta a água do mar, para me arrefecer a pele e as ideias (um verão sem mergulhar chateia, sobretudo para quem mora ao pé da praia!). Tive muito medo uma vez; e depois outra, e mais outra, já no Porto; e depois deixei de ter medo porque, porra, sofrer por antecipação dá cabo de nós e não vale a pena.

 

Lembro-me de falar com um amiga e descobrir que ela estava a passar exatamente pelo mesmo que eu. Que coincidência! Dissemos em coro “que injusto!” mas foram palavras vazias porque, na verdade há coisas tão mais injustas a acontecer neste mundo que, agora que penso, o que sentimos foi reflexo de puro egoísmo da nossa parte.

 

No rescaldo do susto, aproveitei o meu dia de anos para doar sangue pela primeira vez (e até escrevi um texto bonitinho sobre isso, que publiquei aqui). Fi-lo no IPO do Porto e pedi a todos os meus amigos que se juntassem; ou que contribuíssem como pudessem. Reunimos um total de mais de 100 euros e eu, na altura pesei pela primeira vez 49 kilos e, por isso, consegui que a minha dádiva fosse aceite.

 

O melhor desta experiência é que foi neste verão aborrecido que eu mudei. Passou um ano e eu continuo mudada. Não foi sol de pouca dura como o sol do meu verão! Mudei a sério. Tornei-me uma pessoa muito mais calma e definitivamente menos precipitada. Percebi que não somos imortais e que há riscos que não vale a pena correr.

 

Sei bem o que fiz no verão passado; mas sei ainda melhor o que não vou fazer neste.

 

publicado às 17:53


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