Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]




Por vezes, ponho-me a pensar o que é que te passou pela cabeça para te apaixonares por mim.

Nos dias em que acordo a transbordar auto-estima, quero acreditar que ficas hipnotizado pelo meu sorriso inocente e me consideras a melhor pessoa do mundo. Que, quando me vês, tudo à nossa volta desaparece, que o mundo para e o teu coração bate mais depressa a cada palavra inteligente e pertinente que eu digo. Tudo isto, claro, enquanto passo a mão pelo meu cabelo loiro e esvoaçante, que condiz perfeitamente com o meu corpo de super modelo e o meu QI fora do normal.

Depois, rio-me às gargalhadas com estas considerações, que não podem estar mais distantes da realidade. O sorriso é tudo menos inocente, a maioria das minhas palavras são impulsivas e nada ponderadas, não sou particularmente bonita e estou muito, muito longe de ser uma pessoa boa e altruísta, capaz de se destacar entre todas as outras alminhas desinteressantes que passeiam pelas ruas. Portanto, se calhar a atração que sentes deve-se unicamente ao meu rabo empinado e ao meu sentido de humor atrevido (que agora te agrada mas, eventualmente, te faria sofrer).

De qualquer forma, desengana-te. Esse fascínio há de te passar rápido. Sou a pior namorada do mundo e a pessoa mais inconstante do nosso Sistema Solar. Não sou capaz de te retribuir como mereces.

Mas de uma coisa podes ter a certeza. Quero mesmo, mesmo muito, que sejas feliz.

(E eu também me quero apaixonar outra vez).

 

 

Da minha incursão de ontem pelas redes sociais, quer-me parecer que há quatro tipos de “notícias” de S. Valentim que se destacam no meu feed do facebook:

  • Fotografias de namorados em locais românticos com hastags do tipo #myvalentine #diadosnmamorados, #love, entre outras;
  • Reflexões pseudo filosóficas de pessoas que, muito ofendidas, alertam que “o dia dos namorados deve ser todos os dias”; “os namorados não se devem exibir no facebook, mas viver a sua felicidade ofline”; “há relações condenadas que tentam disfarçar o tédio e a traição através de fotografias apaixonadas nas redes sociais”;
  • Textos de pessoas que não namoram e sentem a necessidade de relembrar ao mundo como é importante manter o amor-próprio e como estão bem melhor sozinhas e independentes;
  • Fotografias de grupos de amigos que aproveitaram este dia para se divertirem em frente a jarros de sangria ou finos fresquinhos a condizer com o tempo que faz lá fora.

 

Atualmente, não namoro. Quando namorava, gostava de manifestações pirosas. E, se me incomodasse a exposição online, não escreveria um blog pessoal, parece-me óbvio.

Os longos textos com que me deparo sobre as vantagens de não namorar fazem-me rir, benevolente. Soam-me a desculpas de quem não faz a mínima ideia do que é amar, e ser amado. Quando o sentimento é verdadeiro e correspondido, amar é prioritário, e torna-nos mais felizes. Torna-nos melhores. Não há relações “sufocantes”, nem falta de tempo, nem problemas incontornáveis quando se ama de verdade. O amor-próprio é essencial, concordo, e é triste e lamentável anularmo-nos perante o outro, mas a partilha e a realização de ser feliz ao lado de quem se ama é o que há de mais bonito no mundo inteiro.

Se podemos viver sem amar? Podemos. Vivemos. Mas… viver feliz sem amar é como comer um pão quentinho acabado de sair do forno a lenha. É ótimo, não é? Sabe bem, não sabe? Mas, para ser mesmo, mesmo perfeito, falta a manteiga.

O amor é a manteiga no pão quentinho que é uma vida feliz.

publicado às 23:43

A Ana adora experimentar (roupa)

por MPS, em 08.02.15

Houve um tempo (que durou anos!) em que a Ana comprava uma peça de roupa e usava-a até a desgastar, até se sentir apertada ou o tecido rasgar ou desbotar. Namorava-a, devagarinho, na montra da loja, e, depois de a comprar, vesti-la tornava-se uma rotina que a preenchia.

 

Mas, certo dia, a Ana apercebeu-se que gostava de experimentar.

(Eu sei que, ao falar de carros, podemos usar a expressão test drive, quando temos a oportunidade de conduzir um modelo sem o comprar, sem qualquer compromisso, para termos a certeza da nossa futura decisão de compra. No caso da Ana, não sei se existe uma expressão em inglês; mas o que ela faz é, basicamente, a mesma coisa.)

 

Há uma política nas lojas em que compra que lhe permite devolver a peça ao fim de um determinado número de dias. Por isso, ela compra, guarda o talão na carteira, e veste-a, entusiasmada. Não assume qualquer compromisso, porque sabe que a pode devolver a qualquer altura e reaver o dinheiro gasto. Só tem de ter cuidado com um pormenor: não causar danos que impeçam a devolução. Danos irreversiveis, que não podem ser disfarçados, são inimigos de quem gosta mais de experimentar do que de adquirir.

 

Infelizmente, experimentar tem um limite temporal bem definido. A Ana adora experimentar mas há uma altura em que é obrigada a decidir. Se a devolve, e prossegue até à próxima loja, para comprar (e, depois, devolver), a peça de roupa da coleção mais recente, ou se assume que a quer a full time, que é mesmo dela, e deixa passar o prazo de devolução.

 

É que, depois de tomada a decisão, já não pode voltar atrás.

 

Por vezes acontece-lhe devolver uma camisola e cruzar-se, uns dias depois, com outra mulher que a traz vestida. Sente uns ciúmes inexplicáveis, irracionais, e apetece-lhe gritar: “hey! Essa era minha!”. Foi, já não é. Tiveste a tua oportunidade, Ana. Desperdiçaste-a porque quiseste experimentar outra e, agora já não há à venda. Essa saudade que estás a sentir é culpa tua.

Por outro lado, se optar por não a devolver, sabe que tem de lhe dar uso. Se nela investiu o seu dinheiro, deve vesti-la. Não pode esquecê-la a um canto, e continuar a experimentar desenfreadamente outras peças de roupa que tenciona descartar quinze dias depois.

 

Acho que a Ana se habituou a esta nova rotina de comprar, devolver, reaver o dinheiro e comprar outra peça que lhe desperte o interesse, por ser novidade, ou por outro qualquer motivo que nem ela sabe explicar. Não sei se é a sensação de querer algo novo, de fugir da rotina, de vivenciar experiências distintas sabendo que não se está a comprometer.

 

Não possui, na verdade, mas não se chateia.

publicado às 20:17


Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.


Arquivo

  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2017
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2016
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2015
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2014
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D