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Carta a 2014

por MPS, em 25.12.14

Caro 2014,

 

Gostava de começar por te dizer que sou uma pessoa extremamente altruísta, que não ligo nada a prendas e que, este Natal, só te peço paz no mundo e felicidade para todos. Seria uma atitude louvável da minha parte. E, se calhar, um bocadinho hipócrita. Sobretudo porque, enquanto te escrevo, admiro com orgulho a minha Canon 1200D, que está pousada na mesa enquanto a bateria carrega, devagarinho.

Por isso, vou ser egoísta, e agradecer-te. Obrigada; não podia ter tido melhor prenda de Natal do que esta, capaz de guardar sorrisos de amigos, lugares inesquecíveis e momentos que nos mudam, tudo num único cartão de memória!

Sabes que sou suficientemente inteligente para agradecer primeiro por tudo o que tenho de bom antes de te pedir o que quer que seja, por isso vou continuar. Obrigada por mais um Natal. Desde que nasci, a noite de 24 de dezembro e o dia que se lhe segue são momentos de alegria em família, de partilha, de comida boa e de alegria; e eu sinto-me a pessoa mais feliz do mundo.

Obrigada também por tudo o que me trouxeste. Acho que cresci. Para os lados, pelo menos, sei que cresci, que os chocolates não perdoam e a balança não me deixa mentir. Mas acredito que, este ano, cresci também por dentro. Obrigada pela nova oportunidade de trabalho que me tem deixado orgulhosa, expectante e (às vezes) com vontade de gritar e arrancar cabelos; obrigada pelo que aprendo, todos os dias, e pelos colegas à minha volta, que são boas pessoas, são pessoas solícitas e me acolhem tão bem.

Obrigada por poder continuar a fazer parte da Erasmus Student Network e por ser agora parte da direção nacional: esta é também uma escola e torna-me, cada vez mais, uma pessoa mais conhecedora, uma pessoa melhor. Obrigada pelos quatro gatinhos da minha ninhada.

E obrigada pelo 18 na tese de mestrado; sabes bem que fiquei de boca aberta quando o júri se pronunciou; um bocadinho orgulhosa, um bocadinho convencida, a sentir-me dona do mundo inteiro, “mestre Mariana”, prazer.

Por último, quero agradecer-te as pessoas que tens posto no meu caminho. Aí sim, saiu-me o Euromilhões. Agradeço-te pelas amizades de Jornalismo, da FEP, da OM, do CASA, da ESN, da Comunidade dos Portugueses em Roma e por todos os verdadeiros amigos que se têm mantido ao longo dos anos; não podia estar mais agradecida. Obrigada pela Lia continuar sempre cá, e muito, muito obrigada pela paciência do Pedro, que vai do Porto até à lua, volta da lua ao Porto, e vai e vem mais umas quantas vezes.

Quanto aos miaus, sabes o quão triste fiquei por 2013 me ter levado a Tica, por isso, obrigada por o Gatuso, a Kity e A Gata Cristi se manterem saudáveis, gordos e felpudos!

Só há uma coisa que tenho a apontar, 2014. Aquela chatice do verão que se tem estendido até agora. Eu sei que serviu para eu aprender. Mas não me voltes a assustar desta maneira. Nem a mim, nem aos meus pais. Eu prometo que tenho juízo. Eu sempre me portei bem!

 

Posto isto, vou traçar os meus planos para 2015. Transmite-lhe esta mensagem, por favor.

Quero ser feliz. Quero fazer mais pelo meu trabalho, mais pela ESN, e muito mais pela minha família. Quero ser uma pessoa melhor, e ter mais paciência. Um feitiozinho um bocadinho mais suportável.

Tu sabes quem são as pessoas importantes para mim. Ajuda-me a fazê-las felizes.

(Para além disso, quero emagrecer. Só um bocadinho. Vá lá, vou ter força de vontade para ir ao ginásio, cortar nos chocolates e, quando chegar ao verão, hei de ter a barriga aos quadradinhos! E quero viajar. Achas que é em 2015 que consigo ir à Austrália?)

 

Obrigada por tudo, 2014.

Até já 2015!

publicado às 22:15

Ser Voluntário

por MPS, em 09.12.14

Na sexta-feira passada comemorou-se o dia internacional do voluntariado.

Quando, de manhã, cheguei ao trabalho, os meus colegas deram-me os parabéns. Percebe-se porquê: passo 8 horas e meia por dia a trabalhar e, na grande maioria do tempo que me resta… sou voluntária. É por isso que estou sempre a reclamar e a dizer que estou cansada, é por isso que já ninguém me atura a queixar-me!

 

Da empresa onde trabalho recebo um valor monetário, todos os meses. E sabe bem. Do voluntariado, não é dinheiro que recebo mas, acreditem recebo. E recebo muito.

 

Sou voluntária na maior associação de estudantes da Europa. Mergulhei nesta aventura no Porto, há 3 anos, pouco depois de regressar do meu período de estudos de Erasmus, em Roma. Atualmente envolvo-me ainda mais na rede, e faço parte da direção nacional.

O que sinto pela Erasmus Student Network é muito, muito difícil de explicar. Vou tentar, porque estando à vontade para escrever sobre (quase) tudo, tenho a incómoda sensação de que devia ser capaz de escrever também sobre esta parte tão importante da minha vida. Já tentei muitas vezes, mas nunca consegui expressar-me.

Às vezes dou por mim a sorrir sozinha, só a pensar na ESN. Outas vezes encontro-me a chorar compulsivamente porque as coisas não correram como eu queria. Mas acho que é mesmo assim, quando se está apaixonada.

Eu tento dar tudo de mim à ESN mas, tenho a certeza, continuo a receber muito mais dela do que sou capaz de lhe dar. Porque a ESN é a maior escola que já frequentei. Aprendo tanto, todos os dias. Talvez achem que estou a exagerar – se calhar estou iludida. Mas eu sinto que ela me torna, cada vez mais, uma pessoa melhor. Faz-me crescer. Faz-me acreditar em coisas que, por vezes, me esqueço. Faz-me sentir que o mundo não tem fronteiras e que temos todos asas muito grandes para voarmos até onde quisermos. Faz-me orgulhar do meu país e da minha geração; dos estudantes e dos jovens adultos que acreditam no Erasmus e no seu encore.

Quando chego a casa, à noite, e me deparo com uma série de emails e mensagens por responder, preciso de respirar fundo, muito fundo, muitas vezes. É que a ESN toma-me tanto tempo que às vezes fico em pânico só de pensar no tempo que ela me toma… mas tomara eu poder dedicar-lhe ainda mais tempo do que o tempo que tenho para lhe dar!

 

Depois, há o CASA. Sou voluntária no Centro de Apoio ao Sem-Abrigo uma vez por semana. As quartas-feiras à noite são o meu refúgio: esqueço o trabalho, os problemas, até a ESN, ainda que por poucas horas. O mundo à minha volta desaparece. Divirto-me a cozinhar, e fico com as mãos a cheirar muito, muito a comida. Depois, em casa, lavo-as com água morna e muito sabonete – mas isto só de madrugada, porque no CASA não há água quente (senhor Rui Moreira, espero que esteja a ler isto!).

Gosto de ver as pessoas a comer a comida que eu preparamos e distribuímos. Gosto quando fazemos a mais e as pessoas podem repetir, e não gosto mesmo nada quando falta. O CASA e a sua rotina fazem-me feliz: os alimentos que o restaurante Abadia ou que a GNR nos dão, o encontro com os meus amigos naquela cozinha minúscula que fica inundada quando chove, o sorriso das pessoas quando gostam da comida, as piadas que trocamos e a sensação de que fizemos alguém feliz, por muito pequeno que tenha sido o nosso gesto.

 

Assim, e apesar de serem organizações completamente diferente, o CASA é como a ESN. Eu é que sou a voluntária, mas o que recebo é sempre muito mais do que o que dou.

 

Por isso, da próxima vez que eu me queixar de que estou cansada, de que trabalho muito, de que não tenho vida social, nem tempo para nada… podem rir-se de mim e mandar-me à merda. Porque a verdade é que tenho tudo o que quero, e muito mais do que mereço.

publicado às 22:44


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