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O Porto é um T0

por MPS, em 16.11.14

Se o mundo é um T1, o Porto é um T0.

É uma Grande cidade demasiado pequena e, por isso, encontramo-nos todos na mesma divisão. Encontramos quem queremos, e quem não queremos, nos sítios do costume.

Viver nesta cidade-aldeia é uma faca de dois gumes. Se, por um lado, esta sensação de proximidade nos faz sentir bem, por outro pode tornar-se e extremamente irritante.

Sobretudo à noite.

 

Aos 20 e poucos anos queremos aproveitar o fim de semana para sair à noite. Descemos até à baixa e, embora queiramos variar, não variamos assim tanto. Experimentamos novos bares (há sempre novos bares a abrir no Porto), mas andamos sempre por aquela zona: Cedofeita, Galerias, Passos Manuel e por aí adiante. Faz-se tudo a pé.

Damos de caras com amigos que já não víamos há algum tempo – e isso conforta-nos. Pomos as conversas em dia e ficamos horas a beber e a trocar ideias. Mesmo quando não tínhamos reservado nada de especial para essa noite, na baixa nunca estamos sozinhos. Há sempre um grupo onde nos podemos integrar.

As mensagens de telemóvel são uma boa ajuda: quando procuramos alguém, temos uma grande probabilidade de essa pessoa estar por perto; mas mesmo quando não estamos à procura, tropeçamos em amigos pelo caminho.

 

Quando não queremos encontrar alguém em específico, aí é que o Porto nos começa a irritar.

Não é que sejamos más pessoas, anti sociais, ou que gostemos de evitar os outros. Simplesmente, hoje não nos apetece.

É já um clássico aquele sorriso amarelo que oferecemos à pessoa que encontramos na rua e que mete conversa connosco, essa conversa vazia onde um “tudo bem” não é uma pergunta, é um cumprimento.

Ou o ex namorado que exibe a nova namorada mesmo à nossa frente; ou o ex namorado que nos olha com olhinhos de gato das botas porque estamos a ser felizes com alguém, mesmo à frente dele.

Ou quando bebemos um bocadinho demais, porque, porra, é sábado, e trabalhámos a semana inteira, e a língua está solta. Os nossos filtros mentais, que usamos no dia-a-dia para conversarmos delicadamente com o nosso chefe, precisam de descanso e de nos deixar em paz pelo menos nessa noite; queremos ser wild and young and free mas, por favor, sem que a pessoa errada esteja no local errado, à hora errada, a observar-nos.

 

Não me estou a queixar. Encontrar pessoas aleatoriamente na noite do Porto faz-me, muitas vezes, muito feliz! Não quero que ela mude!

 

Mas, enfim, às vezes apetece-me que o Porto seja, pelo menos, um T2.

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publicado às 20:24


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